O consumo de álcool está profundamente enraizado em diversos contextos sociais. Mas, por trás do hábito, há um dado importante: transtornos mentais como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e bipolaridade estão frequentemente ligados ao uso de bebidas alcoólicas — e a relação pode ser tanto causa quanto consequência.
Estudos científicos apontam que o álcool pode funcionar como um “ansiolítico social”, reduzindo inibições a curto prazo. No entanto, o alívio momentâneo pode esconder um agravamento silencioso dos sintomas. Em muitos casos, os transtornos mentais já estavam presentes antes do consumo regular; em outros, o uso contínuo do álcool contribuiu diretamente para seu surgimento ou agravamento.
Essa sobreposição torna difícil identificar a origem real do sofrimento emocional. De acordo com especialistas em psiquiatria, um diagnóstico mais preciso só pode ser feito após um período de abstinência — geralmente entre 30 e 90 dias — tempo necessário para que os efeitos do álcool deixem de interferir na avaliação clínica.
Mas isso não significa que o cuidado precise esperar. Em contextos de crise, é possível iniciar o tratamento dos sintomas mais urgentes ao mesmo tempo em que se busca o apoio necessário para reduzir ou interromper o consumo. Clínicas especializadas e centros de atenção psicossocial (CAPS) em todo o país oferecem suporte gratuito e acompanhamento multidisciplinar.
A pausa no uso, além de permitir uma leitura mais clara da saúde mental, pode também revelar uma nova perspectiva sobre o próprio comportamento. Para quem enfrenta o desafio, esse processo não é apenas sobre parar de beber, mas sobre se reconectar consigo mesmo com mais lucidez e presença.
Buscar ajuda é um passo importante — e pode ser o ponto de virada entre mascarar a dor e enfrentar, com suporte, aquilo que realmente precisa ser cuidado.
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