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Turbilhão político no Nepal: renúncia do premiê em meio a protestos mortais

Turbilhão político no Nepal: renúncia do premiê em meio a protestos mortais

Por: Hermano Araruna
10/09/2025 às 13h45 Atualizada em 10/09/2025 às 16h45
Turbilhão político no Nepal: renúncia do premiê em meio a protestos mortais
Foto: Reprodução
Na terça-feira (9 de setembro de 2025), o primeiro‑ministro do Nepal, K.P. Sharma Oli, apresentou sua renúncia, sem surpresa, diante de protestos em expansão liderados pela Geração Z, uma reação coletiva ao bloqueio de grandes redes sociais e à insatisfação com a corrupção endêmica. Uma crise detonada pela era digital O estopim foi a decisão do governo de bloquear aproximadamente 26 plataformas populares, como Facebook, Instagram, WhatsApp, X (Twitter), YouTube, sob o pretexto de regulamentação, impondo exigências de registro que as empresas não cumpriram. A medida foi interpretada pela sociedade, especialmente a população jovem, como um ataque à liberdade de expressão e contra a própria democracia. Geração Z em foco: protestos, fúria e falecimento de dezenas Protestos massivos e espontâneos tomaram as ruas de Kathmandu e outras cidades como Pokhara e Itahari. Com uniformes escolares e gritos contra “corrupção, não redes sociais”, milhares marcharam até o Parlamento, onde confrontos com a polícia resultaram em ao menos 19 mortes e mais de cem feridos. A sequência de insurreição escalou rapidamente: edifícios públicos, incluindo o Parlamento, o Singha Durbar (sede do governo) e a Suprema Corte, foram incendiados ou vandalizados. As forças de segurança reagiram com gás lacrimogêneo, balas de borracha, canhões d’água e disparos reais. Fontes oficiais diferentes divergem na contagem de vítimas, mas estimativas apontam entre 19 e 25 mortos, e centenas de feridos, com cenas de caos generalizado, saques, destruição de propriedades e toque de recolher imposto pelo Exército. Militarização e apelo à negociação Diante da escalada da violência, o Exército foi acionado para restabelecer a ordem. Helicópteros evacuaram ministros, aeroportos foram temporariamente controlados pelos militares e o toque de recolher se estendeu como medida de contenção. Analistas sugerem que a liderança jovem, dispersa e sem representantes formais, não oferece um interlocutor claro. A figura de Balaram K.C., ex-juiz constitucional, propôs a formação de uma “equipe de negociação” representativa da Geração Z para estabelecer um canal com o executivo, os militares e a sociedade civil, um caminho para superar o impasse institucional. O que diz a constituição? A Constituição nepalense de 2015 determina que, em caso de renúncia do premiê, o partido majoritário deve indicar um sucessor. Se nenhum partido deter a maioria, cabe ao presidente nomear um indicativo de consenso, que deverá obter voto de confiança em até 30 dias. É justamente nessa encruzilhada que o país se encontra, um parlamentarismo fragilizado diante de uma crise que extrapola o convencional. O Nepal vive um momento emblemático: o poder do Estado, abalado, confronta a fúria política de jovens exigentes. Ao mesmo tempo, a Constituição oferece um caminho legal, mas a legitimidade desse passo depende do clima político e da responsabilidade de atores institucionais. O risco é que a instabilidade se prolongue, com impactos duradouros na trajetória democrática do país. Se quiser, posso acompanhar os próximos desdobramentos ou preparar um panorama sobre os game‑changers políticos que surgem nesse momento.
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