Pela primeira vez em mais de 70 edições do Festival de Cannes, o Brasil alcançou uma marca inédita: quatro Grand Prix conquistados em um único ano. O feito, que até então parecia inalcançável, foi selado nesta quarta-feira (18), quando a DM9 venceu na categoria Creative Data com a campanha “Consumo eficiente de energia”, desenvolvida para a Consul.

Esse novo troféu soma-se aos já garantidos por Africa Creative, Artplan e Gut nos primeiros dias da premiação. Com isso, o Brasil ultrapassa o recorde de 2021 — quando conquistou três Grand Prix — e chega a um total de 24 prêmios máximos na história do Cannes Lions.

A campanha da DM9 chamou atenção ao explorar dados para promover economia de energia de forma acessível e funcional. Mais do que um case publicitário, o projeto aponta para um caminho de inovação centrada no cotidiano.

O saldo de conquistas não para por aí. Durante a cerimônia desta quarta, agências brasileiras também subiram ao palco para receber sete Leões de Ouro. A Gut, por exemplo, foi premiada três vezes: duas com a campanha “Chuva de Cupom” (Media e Direct) para o Mercado Livre, e uma com “Retro Influencers”, feita para a Skol. A LePub levou ouro por “Streaming Bars”, em parceria com a Heineken, e a DM9 voltou ao palco com “Osso Premiado”, desenvolvido para o KFC.

Nos bastidores, ainda há um embate em aberto. A Soko, atual Droga5 São Paulo, aparece nos créditos como coautora da campanha “Real Beauty Redefined for the AI Era”, criada para a Dove e inscrita oficialmente pela Mindshare de Nova York. Os diretores da agência brasileira reivindicam o reconhecimento como responsável pela ideia central — e, se o pedido for aceito, o Brasil pode somar um quinto Grand Prix nesta edição. Pela regra do festival, quem pontua é quem assina a criatividade.

Independentemente do desfecho dessa disputa, o que se vê é uma indústria criativa brasileira mais madura, plural e afinada com temas contemporâneos. Dados, diversidade, inteligência cultural e tecnologia têm sido ingredientes centrais nas campanhas premiadas.

A julgar pelo desempenho de 2025, Cannes deixou de ser um sonho distante para o mercado publicitário nacional. Agora, é território conquistado — com sotaque próprio, repertório social e cada vez mais presença estratégica no palco global da criatividade.