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Família paraibana denuncia tráfico humano e prisão injusta de brasileira no Camboja

Daniela viajou ao país após aceitar uma proposta de trabalho em telemarketing, mas acabou sendo enganada e acusada injustamente de tráfico de drogas

Por: Redação Fonte: ParaíbaON
20/10/2025 às 13h47
Família paraibana denuncia tráfico humano e prisão injusta de brasileira no Camboja

A brasileira Daniela Marys de Oliveira, de 35 anos, está presa há sete meses no Camboja, país localizado no Sudoeste Asiático, após ter sido vítima de tráfico humano, segundo denúncia feita por sua mãe, Myriam Marys, que mora em João Pessoa, na Paraíba. De acordo com o relato, Daniela viajou ao país após aceitar uma proposta de trabalho em telemarketing, mas acabou sendo enganada e acusada injustamente de tráfico de drogas.

A arquiteta foi detida no início de março e, desde então, enfrenta condições precárias na prisão. A mãe conta que Daniela adoeceu no presídio e que a família ainda foi vítima de um golpe financeiro, perdendo cerca de R$ 27 mil. O julgamento da brasileira está marcado para o dia 23 de outubro, e familiares tentam reunir recursos para custear advogados e obter apoio do Itamaraty, que, segundo Myriam, não responde aos contatos desde o dia 6 de outubro.

Natural de Minas Gerais, Daniela se mudou para João Pessoa em novembro de 2024, em busca de oportunidades de emprego. Formada em Arquitetura, ela passou a enviar currículos pela internet e, em janeiro deste ano, encontrou uma vaga temporária de telemarketing no Camboja, com promessa de trabalho por até um ano. Apesar da resistência inicial da mãe, decidiu aceitar a proposta e embarcou para a Ásia no fim de janeiro.

Nos primeiros dias, Daniela mantinha contato frequente com a família por mensagens e vídeos, mas Myriam logo começou a desconfiar da situação. “O lugar era isolado, cheio de beliches, e diziam que esperavam mais pessoas para começar o trabalho”, relatou. Em março, as mensagens começaram a soar estranhas, e a mãe percebeu que algo estava errado. “Recebi uma mensagem dizendo: ‘Oi, mãe, estou muito triste’. Não era ela. Daniela sempre me chama de ‘mamãe’”, lembrou.

Pouco depois, os golpistas assumiram o controle do celular e do notebook da filha, pedindo dinheiro sob o pretexto de uma multa contratual. “Disseram que ela tinha sido demitida e precisava pagar uma multa de US$ 4 mil. Nós acreditamos e transferimos o dinheiro”, contou Myriam.

Sem contato por dias, a mãe recebeu uma ligação da própria Daniela, que contou ter sido presa por tráfico de drogas. Segundo ela, policiais encontraram três cápsulas de entorpecente no banheiro e a acusaram do crime. “Ela implorou para fazer um teste toxicológico, mas nunca deixaram”, relatou. Daniela teria contado que as drogas foram plantadas após ela recusar participar de um esquema de golpes pela internet.

Desde então, a brasileira segue detida em uma cela superlotada, com cerca de 90 mulheres, e já apresentou problemas de saúde. “O médico da prisão disse que ela precisava de exames fora, mas demoraram quase 20 dias para levá-la. A embaixada não faz nada. Dizem que o governo do Camboja não permite contato”, afirmou Myriam.

A mãe disse ainda que tem tentado contato com o Ministério das Relações Exteriores, mas sem sucesso. “A resposta é sempre a mesma: ‘Estamos acompanhando o caso’. Mas ninguém faz nada”, desabafou.

Desesperada, Myriam faz um apelo por ajuda. “Minha filha é arquiteta, fala inglês fluentemente, estudou. Foi enganada e usada por criminosos. Eu só quero que ela volte viva para o Brasil”, disse.

Ela também reforça o alerta a outros jovens: “Espero que a história da Daniela sirva de lição. Que pensem bem antes de aceitar propostas de trabalho fora do país. Que arrumem emprego aqui, onde é mais seguro”.

O caso ganhou repercussão nacional após ser exibido no programa Profissão Repórter, da TV Globo, que mostrou o drama de famílias brasileiras vítimas de tráfico de pessoas com destino ao Sudeste Asiático.

Em nota, o Itamaraty confirmou que “tem conhecimento do caso” e afirmou que a Embaixada do Brasil no Camboja vem realizando gestões junto ao governo local, prestando assistência consular “em conformidade com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas”.

Segundo o Ministério, em 2024 foram prestadas assistências a 63 brasileiros em situação de tráfico de pessoas, 41 deles no Sudeste Asiático.

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