A arquiteta Daniela Marys de Oliveira, de 35 anos, será julgada nesta quinta-feira (24), no Camboja, por acusação de tráfico de drogas. Mineira de nascimento, ela vivia em João Pessoa (PB) até o início deste ano, quando aceitou uma proposta para trabalhar no país asiático. Se for condenada, Daniela pode pegar até 20 anos de prisão segundo a legislação local.

A família da brasileira, no entanto, acredita que ela foi vítima de uma armação e de um esquema de tráfico humano. Segundo relatos, Daniela teve o passaporte retido, foi mantida em confinamento, e se recusou a participar de golpes online contra brasileiros, o que teria motivado sua prisão.

De acordo com a irmã da arquiteta, Lorena Oliveira, a prisão aconteceu logo após Daniela retornar de um suposto treinamento. Ela foi surpreendida por policiais que encontraram três pílulas entre seus pertences. A suspeita é de que a droga tenha sido plantada para incriminá-la.

A família relata ainda que, antes da prisão, criminosos chegaram a pedir dinheiro para liberar Daniela. Usando perfis falsos em redes sociais, eles alegavam que ela precisava pagar uma multa para sair do país. R$ 27 mil foram transferidos, mas o destino do valor é desconhecido.

Desde então, Daniela está detida em uma penitenciária feminina no Camboja, em condições precárias, onde precisa pagar por água e comida para sobreviver.

Para a ONG The Exodus Road, que atua no combate ao tráfico humano, o caso de Daniela reúne fortes indícios de aliciamento internacional. A diretora da organização, Cintia Meirelles, destaca que muitas vítimas são levadas para o Sudeste Asiático com falsas promessas de emprego e acabam forçadas a trabalhar em esquemas de golpes pela internet.

O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Bangkok (Tailândia), está acompanhando o caso. O governo brasileiro também tem emitido alertas sobre aliciamento de brasileiros para trabalhar em países do Sudeste Asiático, chamando atenção para os riscos de golpes e exploração.

Formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Daniela Marys atuava como arquiteta e consultora em João Pessoa, com passagens por Dubai e Estados Unidos. Nas redes sociais, compartilhava conteúdos sobre metas pessoais, desenvolvimento humano e mercado imobiliário.