
Um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que famílias beneficiárias do Bolsa Família transferiram cerca de R$ 3,7 bilhões para casas de apostas em janeiro de 2025. O valor representa 27% de todo o montante pago pelo programa no período, que foi de R$ 13,7 bilhões.
Segundo o TCU, o cruzamento de dados entre os CPFs dos apostadores e o banco de dados do Bolsa Família mostrou que 4,4 milhões das 20,3 milhões de famílias atendidas fizeram algum tipo de movimentação financeira em sites de apostas, todos autorizados a operar no Brasil.
O relatório técnico alerta, porém, para indícios de fraudes e uso indevido de CPFs, já que 20% das famílias foram responsáveis por 80% das transferências. Há casos de movimentações incompatíveis com a renda dos beneficiários, uma família, por exemplo, chegou a transferir R$ 2,1 milhões em um único mês.
As irregularidades levantaram suspeitas de que contas de beneficiários estariam sendo usadas por terceiros para lavar dinheiro ou realizar outras práticas ilegais. O documento ainda destaca que 663 famílias movimentaram valores entre R$ 100 mil e R$ 1,4 milhão, o que reforça a necessidade de uma investigação mais profunda.
O Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas, decidiu ampliar por mais 30 dias o prazo para que as bets bloqueiem o cadastro de beneficiários do Bolsa Família e do BPC (Benefício de Prestação Continuada). A medida busca evitar novas ocorrências de uso indevido dos dados.
A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) não se manifestou sobre o caso. Já o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) afirmou que as plataformas legais operam com mecanismos de rastreabilidade e segurança para impedir fraudes e o uso indevido de informações pessoais.