
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reorganizou um bloco parlamentar que agora soma 275 deputados, formando a maior força política da Casa.
O movimento ocorre após o rompimento dele com líderes do PT e do PL, partidos que foram decisivos em sua eleição, mas que se afastaram ao longo do ano.
A reconstrução do bloco, composto por União Brasil, PP, PSD, Republicanos, MDB, federação PSDB/Cidadania e Podemos, é vista por parlamentares como estratégica para garantir governabilidade imediata e, ao mesmo tempo, criar as bases para uma eventual reeleição de Motta em 2027.
O grupo reúne votos suficientes para aprovar requerimentos de urgência e articular votações sem depender da esquerda ou da direita, ampliando o poder do presidente da Câmara dentro da pauta legislativa.
O PT deixou o bloco em agosto, após derrotas do governo na CPI do INSS. Segundo relatos, a ministra Gleisi Hoffmann (SRI) chegou a incentivar aliados a abandonarem o bloco. Já o PL se distanciou após divergências sobre o texto do projeto de lei antifacção, aprovado pela Câmara por 370 votos a 110.
No caso do PT, Motta rompeu publicamente com o líder Lindbergh Farias (RJ). Em relação ao PL, houve atrito com Sóstenes Cavalcante (RJ) após insistência do partido em incluir no projeto a classificação de facções criminosas como organizações terroristas — ponto considerado inconstitucional por Motta e rejeitado.
O bloco passou a funcionar com revezamento mensal na liderança. O primeiro líder foi Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) e hoje o posto está nas mãos de Doutor Luizinho (PP-RJ). O grupo conta ainda com 63 vice-líderes, número superior ao de quase todos os partidos da Câmara.
Apesar da força numérica, parlamentares avaliam que Motta se afasta de aliados importantes, como o próprio PL, o PT e até seu antecessor Arthur Lira (PP-AL). Esses distanciamentos podem pesar em uma futura disputa pela presidência da Câmara.
Nos bastidores, ganham força nomes que podem disputar a presidência da Câmara em 2027:
— Antonio Brito (PSD-BA)
— Doutor Luizinho (PP-RJ)
— Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
— Altineu Côrtes (PL-RJ)
— Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)
O nome de Arthur Lira também circula, embora aliados afirmem que ele deve disputar uma vaga no Senado.