
O Dia da Consciência Negra é celebrado nesta quarta-feira (20) em todo o Brasil, mas muita gente ainda se pergunta como surgiu a data e por que ela é comemorada exatamente em 20 de novembro. A criação do dia tem relação direta com a história da resistência negra no país e com a escolha de um símbolo que representasse a luta do povo negro sob sua própria perspectiva.
Antes da instituição do 20 de novembro, o dia 13 de maio, data da assinatura da Lei Áurea, era usado para lembrar a cultura negra. Porém, apesar de marcar o fim formal da escravidão, o 13 de maio era associado a uma figura branca, a princesa Isabel, e não refletia o protagonismo negro. Por isso, um grupo de universitários negros de Porto Alegre criou o “Grupo Palmares”, que passou a estudar e debater a trajetória do Quilombo dos Palmares e a figura de seu maior líder, Zumbi. Ao identificarem que Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, o grupo escolheu esta data como símbolo da resistência e da consciência negra no Brasil.
Com o passar dos anos, a ideia ganhou força em movimentos sociais, especialmente após a criação do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNU), em 7 de julho de 1978, que ampliou a luta por igualdade racial e consolidou o 20 de novembro como referência nacional. Isso levou o Dia da Consciência Negra a se espalhar pelo país como um marco de reflexão sobre racismo, direitos, cultura afro-brasileira e memória histórica.
Zumbi dos Palmares, homenageado na data, foi um dos principais líderes do Quilombo dos Palmares, considerado o maior quilombo da história do Brasil. Os registros sobre o quilombo datam de 1597, embora historiadores indiquem que ele pode ter surgido ainda antes. Palmares era formado por diversos mocambos e representava uma das experiências de resistência negra mais duradouras do período colonial. Zumbi se tornou símbolo dessa luta especialmente após sua morte, em 20 de novembro de 1695, quando foi capturado durante uma emboscada. A partir do século XX, seu nome passou a ser usado por movimentos negros como ícone de liberdade, resistência e identidade.
Em 2011, o Dia da Consciência Negra entrou oficialmente no calendário nacional como data comemorativa, já sendo feriado em diversos estados e municípios. No entanto, apenas em 2023 o Congresso Nacional aprovou a lei que transformou o 20 de novembro em feriado nacional, reforçando sua importância histórica e social. Hoje, a data é marcada por debates, eventos culturais, marchas, homenagens e reflexões sobre desigualdades raciais, racismo estrutural e valorização da população negra no Brasil.