
Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), vêm aumentando a tensão entre o Congresso e o governo. Motta ficou insatisfeito com críticas de dirigentes e líderes do PT nas redes sociais sobre a forma como ele conduz a análise do PL Antifacção. Já Alcolumbre se irritou com a decisão do presidente Lula de escolher o ministro da AGU, Jorge Messias, para ocupar a vaga no STF.
Como reação, o senador passou a tirar da gaveta projetos com forte impacto nas contas públicas, entre eles o que regulamenta a aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e de combate às endemias.
Alcolumbre também quer atuar diretamente na CPI do INSS, onde o governo já previa enfrentar dificuldades. O projeto sobre a aposentadoria especial, aprovado pela Câmara em outubro, estava parado no Senado a pedido da equipe econômica por causa do impacto financeiro, estimado em mais de R$ 20 bilhões em dez anos.
Agora, o senador anunciou que pretende colocar o texto em votação ainda hoje. Além disso, o Congresso tem sessão marcada para quinta-feira, quando serão analisados mais de 50 vetos do presidente Lula, incluindo o que flexibiliza regras do licenciamento ambiental.
A expectativa é de derrotas para o governo, que já admite recorrer ao Supremo Tribunal Federal em caso de aprovação de medidas que ampliem gastos, como ocorreu em julho, quando o Congresso derrubou o decreto que aumentava o IOF.
O desgaste político ocorre em um momento de forte pressão, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro está preso preventivamente e seus aliados cobram que Hugo Motta leve ao plenário o projeto que trata da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. No entanto, o relator da proposta, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), mudou o texto para transformar a anistia em redução de pena para todos os participantes dos ataques.