É tempo de eleição. É tempo de intrigas, conchavos, reviravoltas, surpresas de última hora. Guerras de vida e de morte, porque eleição é coisa para quem tem nervos de aço. Eleição é guerra. De vida ou morte. De extermínio. Muitas vezes de vale tudo, guerra suja mesmo. Aliás, como todas as guerras. E, como em todas, também só há dois lados: o dos ganhadores e o dos perdedores. Como dizia o jornalista e um dos maiores escritores do anedotário político brasileiro, Sebastião Nery: “Eleição significa traição”.
Para dimensionar os limites éticos de uma campanha, popularmente as equipes de campanha adotam a máxima: “Em eleição feio é perder”, segundo a filosofia do ‘bateu-levou’, do ‘pescoço pra baixo é canela’, dentre outras expressões habituais nos ‘bunkers’ dos candidatos.
No olho do furacão de toda a tensão de uma disputa eleitoral, não raro muitos quiproquós são provocados entre os membros das equipes, às vezes, justo naquele momento da reta final que pode desestabilizar a campanha e sepultar o sonho de uma candidatura. Os palpiteiros de plantão estão sempre a postos, levando o conselho que lhes der na telha e ficam bastante desapontados quando seus pitacos não são acatados, quando sim, o pitaco pode provocar grandes estragos numa campanha. Isso ocorre, invariavelmente, quando um profissional experiente, com anos de estudo, leva uma peça publicitária para o candidato, e este expõe o produto para apreciação do filho, da mulher e do cunhado como se essas pessoas tivessem alguma experiência em poder analisá-la, sem nenhum conhecimento, provocando uma interferência muito negativa na escolha.
Para falar mais dessa ciência inexata, que pouca gente, inclusive os políticos, sabe bem o que é, trago algumas impressões que me vali após detalhado levantamento: o Marketing Político, grosso modo, veio tomar o lugar dos coronéis nas eleições e se tornou ferramenta essencial nas campanhas eleitorais pelos sucessivos progressos que obteve no Brasil.
O voto, consumidor final do Marketing Político, é composto por inúmeros fatores. E a esses fatores (insatisfação, esperança, sonho, confiança, desilusão) é que as estratégias são direcionadas. Entretanto, a vontade do eleitor é soberana e o marketing não tem o poder de decidir uma eleição, apenas influencia o raciocínio do eleitor, o que pode desaguar no voto.
Na Paraíba, ocorre um fenômeno comum em alguns outros modestos estados do Brasil. A psicologia da população tem algumas peculiaridades que a um profissional se faz obrigatório o mínimo de convívio físico para entender. A eleição aqui envolve interesses de toda ordem, porém, o business da política na Paraíba não é alternativo como nos grandes centros, mas uma atividade sócio-econômica que se apresenta na maioria das cidades como a maior fonte de empregos de sua população.
Isto, por si só, explica o nível de acirramento e engajamento verificados nas campanhas pelo interior afora, incluindo intrigas entre familiares e até, acredite se quiser, o fim de muitas relações conjugais. Proteger-se dos outros e promover-se junto ao poder parecem ser os dois esportes prediletos dos que gravitam em torno da política paraibana. É nesse pântano que os profissionais são obrigados a mergulhar. Emitir uma opinião sincera, sem saber de quem se trata e com quem se fala, é como atravessar a faixa de gaza com os olhos vendados.
Foi dada a largada
A partir do dia 30 de agosto, o Programa Eleitoral Gratuito e as inserções dos candidatos entram no ar para serem potencializados nas redes sociais. É nesse recurso que estão calcadas as principais estratégias, em tempo de campanha presencial e corpo-a-corpo cada vez mais reduzidos.
E como ferramenta mais emocional de todas, a TV deve ser novamente decisiva para vitórias e derrotas. Chegou a hora de separar os homens dos meninos. Finalmente chegaram as tão aguardadas eleições municipais de 2024.
Em João Pessoa, o grande debate desta segunda (19), 21h, na TV Master, com a tradicional e inconfundível mediação de Alex Filho, será um capítulo a parte no aquecimento eleitoral. Estarão frente a frente diante de uma plateia no Teatro Master: Cícero Lucena (PP), Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos). O confronto deve, literalmente, incendiar a disputa na capital paraibana, levando-se em contra o clima de guerra em que a campanha já se encontra. Vale a pena conferir.
Por Ytalo Kubitschek