Na divisa entre Paraíba e Pernambuco, a Casa Grande das Almas resiste ao tempo e às histórias que a cercam. Construída no fim do século XIX pelo alferes João Timóteo de Lima, a casa se estende por 14 cômodos, metade em Princesa (PB), metade em Triunfo (PE). Dizem que essa peculiaridade fez do casarão um refúgio estratégico para Lampião, amigo pessoal de João Timóteo. Se a polícia pernambucana batia à porta, ele se aboletava do lado paraibano, em outro cômodo da casa. Se era a polícia paraibana que vinha, o cangaceiro atravessava para cômodos localizados em Pernambuco. E assim escapava, na base da esperteza e da geografia, pois, as volantes de cada estado não podiam adentrar em recintos do estado vizinho.
Lá também, existe um castelo inacabado, encomendado por um dos últimos donos, Dr. Assis, que morreu antes de ver a obra concluída e de onde saem muitas estórias fantásticas e assombrações.
O tempo passou, mas a Casa das Almas continuou alimentando o imaginário do povo de Princesa e de Triunfo. Com sua história cheia de encruzilhadas e mistérios, virou um dos pontos turísticos mais visitados da região.
No fim das contas, a Casa Grande das Almas segue firme em sua vocação: ser palco de histórias tão fascinantes quanto duvidosas. Entre uma escapulida estratégica de Lampião e os fantasmas que insistem em dar expediente no casarão, o real e o imaginário se abraçam sem pedir licença. O tempo passa, as portas rangem, mas as lendas continuam se reproduzindo como coelho. Afinal, uma casa encravada entre duas cidades, dois estados e duas dimensões – a do concreto e a da imaginação – só poderia ser um endereço fixo para o inusitado.
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